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Rádio Grilo
Na Rádio Grilo, somos todos apaixonados pelo mundo outdoor. Aqui trazemos histórias autênticas de atletas, viajantes, fotógrafos e filmmakers que compartilham diferentes perspectivas sobre essa paixão. Apresentado por João Agapito.
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07. Alan Lima: Brasileiro mais jovem a escalar mais de 10 montanhas acima de 6.000 metros na Cordilheira dos Andes
Aos 22 anos, Alan Lima se tornou o brasileiro mais jovem a ingressar no Clube dos 6 Mil, uma seleta lista de alpinistas que escalaram mais de 10 montanhas acima de 6.000 metros na Cordilheira dos Andes.
Neste bate-papo, vamos conhecer as origens dele, que saiu de uma família humilde no interior de Minas Gerais para fazer história. Ele vai também vai contar sobre suas aventuras escalando montanhas no Brasil, Patagônia e Cordilheira dos Andes, incluindo o drama na conquista do Illimani — sua escalada mais difícil até então.
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João Agapito (00:00)
Fala galera, sejam muito bem vindos a Rádio Grilo, o seu podcast do Mundo Outdoor. E no episódio de hoje a gente vai trazer bate-papo com o Alan Lima. Ele que é o brasileiro mais jovem a entrar no clube do 6.000 que é uma seleta lista de escaladores que fizeram mais de 10 montanhas acima de 6.000 metros na Cordilheira dos Andes. Então a gente vai entender pouco mais sobre a história deles, sobre as origens.
Ele que tem uma origem humilde, vem de Itamonte, uma cidade no interior de Minas Gerais, e já coleciona várias aventuras, incluindo montanhas, pelo Brasil, na Patagônia e agora na Cordilheira dos Andes, onde ele está morando. Então ele vai contar para a gente também sobre como foi a ascensão do Ilimane, que no caso foi a sua décima montanha, acima de 6 mil metros,
E é mais difícil até então, com episódio emblemático
função de resgate que ele precisou fazer pouco tempo antes, a gente vai falar sobre tudo isso, sobre projetos futuros e muito mais. Bora lá?
João Agapito (01:28)
Então você tá morando São Pedro de Atacama, no Chile,
Alan (01:32)
Cara, eu trabalho numa agência, trabalho como eu venho construindo currículo de montanha para poder fazer uma faculdade, para realmente ser guia de alta montanha, para poder guiar aqui outro país.
Aqui é bem legal isso, eu saí do Brasil e não sabia que tinha essa faculdade, descobri aqui na Argentina, Real, quando estava lá na Patagônia. Então venho aí construindo currículo muito bom também, de diversas montanhas, escalada, cada rolê incrível, cara, que aí eu vou te contar durante a chamada.
João Agapito (02:06)
que massa que você já está fazendo, já está traçando essa caminhada, né, do tipo uma linha muito profissional. Eu também não sabia que tinha uma faculdade para ser montanhista, assim, essa informação nova para mim.
Alan (02:17)
Claro, isso também no Brasil, agora que eu comecei a pesquisar mais vi que tem alguns cursos também agora tem a Associação Brasileira de Guias de Montanha. Então eu não sabia dessa associação, eu estava no Brasil, já vi que tinha algumas, por exemplo na minha região mesmo não te pede uma faculdade para você ser guia, sabe?
Então é uma coisa que é novo pra mim, que é uma coisa que eu realmente quero aprender muito. Estou aí a fim de passar alguns anos por aqui estudando, são uns 5 anos de estudo pra você guiar de alta montanha. cada ano você se especializa uma área, como guia de trekking, tem guia de montanha, que são montanhas até 4.500 metros, depois guia de escalada, aí você vai vendo até onde você quer chegar.
Você pode ser só guia de trekking também, como tem muitas pessoas que gostam só de caminhar. Tem pessoas que gostam de se aventurar mais pouquinho, de explorar a alta montanha ou escalar da alpina. Também que é uma coisa incrível que a gente não tem gelo no Brasil, então é uma coisa bem diferente.
João Agapito (03:25)
Eu dizem que o espanhol do Chile é dos mais difíceis, né? Como é tá sendo com a língua aí? Já aprendeu?
Alan (03:28)
Cade
Cara... Aprendi bastante porque faz ano né, ano e três meses que eu tô aqui no Chile Já é bastante tempo E quando eu cheguei cara, parece que eu tava aprendi o espanhol quando eu tava na Argentina Cheguei no Chile eu não entendia nada assim, a É tipo, não sei, os cariocas falando Sabe, de usar muita
começo foi difícil, mas
Cheguei aqui no Chile, as pessoas me ajudando muito, com casa, com equipamento, me levando para a montanha. Então, eu cheguei aqui São Pedro, no Chile, eu não fazia alta montanha. Então, nunca tinha estado na altitude.
Tem diversos brasileiros vivendo aqui, que é uma família brasileira mesmo. A gente fala que é São Paulo de Atacama. Tem mais brasileiro do que chileno
João Agapito (04:13)
Sim.
você vem de Itamonte, que é proposta, imagino que deva ser uma boa cidade para montanhista nascer, que está ali perto dos marinhos, está ali perto do Parque do Itatiaia também.
Alan (04:31)
do Pai Crescental da
Cara, ele foi o meu berço, foi onde eu aprendi realmente o montainhismo, a escalar, trabalhar como guia também, trabalhava lá com o Felipe Guimarães do hostel Picos, foi o meu mestre. E cara, poder nascer Itamonte foi incrível, eu nasci numa zona rural que já é rodeado de montanhas, onde tem a pedra do Pico.
Foi a pedra que deu origem ao nome da monte, é Pedra no Monte, quando os bandeirantes estavam vindo, eles conseguiam ver essa pedra de longe. Então essa pedra você consegue ver a mais de 300 km de Então eles usavam pedra no monte para saber que estava atravessando de Rio de Janeiro para lado de Minas. Então é uma pedra incrível. Eu abri a porta da minha casa, já estava com a pedra de frente, que morava a 3 km da
desde jovem, desde criança já estava envolvido com a natureza de não ter internet, então isso foi cara incrível de não ter internet na Mas a minha infância foi isso, brincar no meio do mato, subir montanhas, subir morro Sabe, então quando eu vejo as montanhas difíceis cara eu leio muito a minha infância Sabe de subir, não sei, barranco por exemplo
João Agapito (05:45)
mas aí o seu primeiro contato com escalada, uma forma mais formal, vamos dizer assim, com equipamento, foi meio que introduzido ali com sua família, com seus amigos, como é que foi isso?
Alan (05:57)
Cara, foi com meus amigos. Eu conheci o Felipe Guimarães quando eu tinha 13 anos. Que é cara muito famoso na minha região, abriu diversas vias. A gente chama ele de Fera da Montanha, até que é o Instagram dele. Que o cara é fero, viu? Motiva o pessoal, tem ginásio de escalada, tem hostel. E com 13 anos, eu estava indo para cidade, olha pra você ver. Pegando carona. Aí ele me deu uma carona e falou assim...
Você já subiu aquela pedra? Falei não, ainda não. E você sabia que tem como subir lá cima? Eu falei sério? E eu achava isso meio loucura. O que que vai fazer lá cima, né cara?
Aí o Felipe me falou assim, depois você me aparece lá casa que eu vou te mostrar como é escalada, como é o montanismo.
Aí eu fui na casa dele e ele me deu uns equipamentos, essa cadeirinha pra você começar a escalar. Então o Felipe Guimarães me mostrou o mundo do montanhismo da escalada e o Alex Mendes me levou pra ter o primeiro contato, que foi na Pela do Camilo. Eu tinha 14 anos da primeira vez que eu comecei a escalar.
evolui muito na escalada com Alex Mendes porque é cara muito forte, motivado, jovem também, então a gente ficava os dois meio que treinando, Tinha trabalho, trabalhava aí nesse exato tempo eu consegui trabalho com o Felipe Guimarães no rosto com 14 anos eu tava trabalhando com ele então de estar trabalhando lá ele já começou a me dar meio que apoio, sabe? De não cobrar os treinos
Ele teve ginásio e deixava eu e o Alex Mendes treinar. Então isso que foi me motivando para realmente entrar no mundo da escalada, do montanhismo. Eu venho de uma família que muito humilde. Então não tinha condições de pagar curso de escalada, curso básico que seja para você aprender da nó e essas coisas.
Então, Felipe Guimarães aparecia curso, ele me encaixava com ele, vamos lá, vai aprender isso, isso, Aí foi aí que eu fui aprendendo, estudo com 14 anos. motivando, cara, fui num evento de escalada que teve no Rio de Janeiro, 2016, meu primeiro evento.
Aí foi que me motivou, eu fiquei segundo isso é muito bom. de campeonato de aí teve evento, eu fiquei segundo. Foi me motivando mais, a treinar, treinar.
João Agapito (08:07)
era o que era, Boulder?
Alan (08:16)
Infelizmente eu não continuei esses treinos porque querendo ou não você ter uma rotina de estudo, uma rotina de trabalho, uma rotina de treino cara, é muito difícil você encaixar os três na sua rotina eu vejo hoje dia muitas pessoas que realmente estão ali estudando muito motivados os atletas estão treinando eles trabalham ali mas querendo ou não estão focados no treino, não tem mais treino do que trabalho
Então era difícil encaixar ali, não sei, exemplo, acordar 5 horas da manhã para ir para a escola, voltar a meio-dia, ter que trabalhar até as 6 depois encaixar os treinos. Saca de andar para longe para encaixar os treinos, muito, muito difícil. Mas aí continuei, que bom que eu não parei, né cara?
João Agapito (09:01)
Não, cara, e assim, que incrível que você teve a figura do Felipe, né? Uma pessoa que entrou por acaso nessa vida e pelo que eu entendi da sua história simplesmente transformou, né?
Alan (09:08)
Cara, por acaso...
O Felipe eu falo que ele é a Tatá, a mulher do Felipe, são os personagens. Eu falo que eles são os meus pais, sabe? Eles me deram mais conselhos, querendo ou não os meus pais, que eu tava com eles mais tempo de escalar, de fazer trip, de me apoiar com equipamento, até hoje cara, pra eu poder fazer essa viagem e pra iniciar. Eu pedi umas férias pra ele de 15 dias.
Olha o Felipe, eu vou na Patagônia 15 dias. E não voltei mais, voltei para dar abraço neles,
João Agapito (09:46)
Aí você já tocou no assunto, mas conta pra gente como é que foi essa sua mudança, como é que você acabou agora morando no Chile, saindo lá de Itamonte, depois você foi pro Hostel Picos, e aí como é que você foi parar no Chile?
Alan (09:59)
Cara, essa viagem minha, quando eu planejei viajar veio assim do nada, a gente tava fazendo trabalho pra latitude 51, pra Maori, você conhece a Maori?
João Agapito (10:10)
conheço, também já falou aqui no podcast
Alan (10:12)
O
cara, ele é outra pessoa também que me dá várias oportunidades, tá sempre me é uma pessoa Enfim, a gente tava fazendo trabalho por ele lá no o Emmanuel, pessoa incrível ele tava com uma viagem marcada já pra Patagônia, que era mês depois desse nosso trabalho.
Então ele tava trabalhando, se não me engano, era dia 28 de setembro e ele tinha uma viagem marcada para o dia 25 de lugar que eu queria muito conhecer, era a Patagônia, Argentina, que era El Chautem, é Aí a gente conversando gente falou assim, mano compra a passagem e vamos comigo. A gente não gasta tanta grana, fica de camping. Se acabar o grana nas voltas depois de carona...
Aí eu falei mano, é uma boa ideia, hein. E cara, eu nem pensei duas vezes. Aí eu amaria ao invés de me eu não me engano, eu mando o dinheiro pro Manu. Falei, Manu, compra a passagem pra mim, Aí ele comprou a passagem faltando mês, Aí eu falei, cara, agora eu preciso trabalhar pra juntar grana. Saca, porque eu também tô construindo chalé no Brasil, que eu tava gastando meio que meu dinheiro, invertendo meu dinheiro nisso, né.
Aí falei, cara, agora tenho mês pra me juntar a grana pra Cara, aí... que na loucura de pagar conta, de sair do Brasil sem dever consegui juntar R $1700 só. Cara, é muita pouca grana. Quando eu falo pra galera, a galera fala assim, você não viaja só com isso de grana? Falei, mano, R $1700 e sonho na mochila. Foi incrível. Cara, cheguei na Patagona Argentina...
como o Matheus, Matheus também é amigo que topou essa aventura mas ele já tem mais juízo como para a passagem de volta eu fui só com passagem de ida cara 1700 reais e a passagem de ida
João Agapito (11:59)
Porra, que irado. assim, foi há quanto tempo? Já tinha quantos anos?
Alan (12:03)
isso foi 2022. Foi quando eu saí do Brasil. Tinha 20 anos.
João Agapito (12:08)
Porra, você é muito brabo, viu? Vou falar pra você, pô, com 20 anos já tava lá, enfim, fazendo a sua vida, né? Trabalhando, juntando seu dinheiro, ia entrar numa empreitada dessa, ia pra Patagônia comigo, pra ir pra... É o chatem, que é lá embaixo, cara, longe pra caramba. Com 1.700 reais, cara, você é brabo, viu?
Alan (12:16)
Claro!
pra caramba, carimíssimo
esse gol também... hoje dia quando eu penso nisso eu falo cara, eu pensaria duas vezes mas eu ia de novo assim, porque eu sei que tem trampo é muito bom as aventuras mas enfim, aí cheguei ao Chauten com o Matheus ia encontrar o Emmanuel a gente chegamos Chauten meio que no perrengue cara, não conseguia sacar grana
A gente não sabia que tinha limite máximo de saque, já enviamos mais de mil reais, tinha que ter mil reais pra sacar, enviamos tipo mil e quinhentos. Já ficamos dia mais na cidade, não tinha grana, a tinha que Então eu já falei, cara, essa viagem vai ser uma aventura. Porque já começou assim no primeiro dia, mas aí chegamos El Chaltén, a chega Calafate, que é a cidade que a gente meio que base para El Chaltén.
A vai lá para El Chalten começando a fazer trilhas, então... A gente ficou dia numa casa, era num hostel na verdade, então já falei cara, é dia só porque o dinheiro vai calvar muito rápido.
gente ficou esses 15 dias fazendo as principais trilhas, Que é a volta do Emu, ali a Laguna deles três, as principais ficamos 14 dias cara, a gente economizou bastante grana ficando acampado, né? mais caro querendo ou não é o Emmanuel, ele tava com plano de fazer uma...
uma trilha era uma trilha exploratória a gente ia caminhar mais ou menos 250 assim exploratório que dois caras tinham feito mas por outro caminho ele marcou o início e o final e a gente tinha que ele desvendar a cara a gente estava pensando e eu com pouca grana falei olha já eles são mais ou menos 15 dias na montanha bom bora
15 dias acampando, compramos comida, cara, faz 20 dias. Porque a gente era fazer uma trilha exploratória, né, não sabia como que E decidimos iniciar essa trilha, gastamos ali uns 400 reais com comida, eu acho, por aí. Saco, então... 400 reais você vai ficar 15 dias na montanha, falar, ó, que paraíso. fico mais uns dias. Sim!
João Agapito (14:30)
parece bom negócio,
Alan (14:32)
Aí a fez essa trilha, foi uma trilha incrível também, tem até vídeo no YouTube a gente colocou o nome Caminha Delas Ventas Cara, era muito vento! A Patagonia você sabe como é já foi pra lá, foi?
João Agapito (14:46)
É o fim do mundo,
Alan (14:47)
É o fim do mundo, imagina 15 dias com muito vento, gente. Foi desse
João Agapito (14:52)
muito vento da Patagônia não é o muito vento do tipo incomoda, é o muito vento, tomba carro.
Alan (14:57)
Sim, de te derrubar, de hora de você sentar no chão, cara, esperar o vento passar pouco, porque você não consegue andar. Você não escuta o que seu parceiro te fala pra você, assim, a dois metros de distância. É muito vento. E a gente acabou essa trilha,
Aí eu decidi voltar pra uma treina incrível, ficamos bem cansados Então voltei pra Chaltem, tirei uns 5, 6 dias de decidi procurar trabalho, eu procuro trabalho e volto ao Brasil Então a procurar, fiz currículo, a Galega me ajudou a currículo
Ela me apoiou muito quando cheguei Chauten, que ela já estava lá há ano. Cara, eu não falo inglês. Já é pouquinho mais difícil conseguir trabalho. Trabalho tem todo lado, mas se você quer trabalho mais tranquilo...
Precisa do inglês, claro. Então eu saí, eu vi senhorzinho, cara, que assim, a vibe dele era muito boa. E eu cheguei nele, ele trabalhava como pedreiro. Então eu não queria não ser serviço, eu já tava acostumado a fazer rostropicos, de ajudar ali alguma coisa. Fui falar com ele, aí ele falou assim, eu tô precisando de gente. Já cara, a primeira pessoa que eu falei assim, dez minutos procurando trabalho, eu consegui. Falei, nossa, que incrível.
João Agapito (16:07)
universo conspira a favor, né?
Alan (16:09)
Bom, se fira cara, demais. E era trabalho muito bom Argentina, cara, Eu não sei como é que fala, mas meio tranquilão com o trabalho. Você trabalha ali das 9 da manhã, a meio dia. Você sai meio dia, você volta no tipo 4 da tarde pra Sabe? velho.
João Agapito (16:28)
aí beleza, você arrumou o trampo lá El Chaten e como é e como foi sua primeira experiência com alta montanha?
Alan (16:35)
Cara, com a alta montanha demorou, viu? Da alta montanha foi quase ano depois que eu comecei essa viagem. Então lá El Chautén são montanhas baixas, escala da alpina. E digamos assim que você escala ali com piolê ou gelo, você tem que fazer uma caminhada muito longa pra você chegar nas montanhas, que é uma aproximação, né? E lá eu tive meu primeiro contato com a neve. Foi uma primeira montanha com neve.
que as montanhas da Patagonia, são muito mais técnicas do que as outras montanhas que eu já escalei até Então, a altitude, se você está aclimatado com ela, você vai Lá você tem que na escalada, você tem que estar ali caminhando bem, você tem Saber de resgate, saber algumas técnicas, lá pode passar de tudo.
A alta montanha também, mas lá é muito mais perigoso dar uma avalanche ou cair uma pedra você do que estar subindo uma alta montanha e acontecer lá eu tive meus primeiros contatos, fiquei seis meses vivendo foi incrível, Passei 15 dias, fiquei seis meses lá, aí até quando eu decidi me mudar, assim, vou começar a subir pouco porque o meu plano era voltar para o Brasil.
porque já estava meio que acabando a grana, eu queria ir Estava ali a fim de escalar, ficar mês escalando e depois voltar para o Aí eu cheguei Bariloche, cara, onde o Amaori estava tendo curso de WFR, que é curso de primeiros auxílios área remota, onde o Amaori da Latitude me deu esse curso. eu já estava lá e eu falei assim, não, Alanzinho, faz esse curso que é barato, você precisa ter.
Então fiquei 9 dias Barilocha acampando também, outra cidade lá, fiz o curso, aí sim cara, eu falo que tive meu primeiro contato com a Alta Montanha. Não foi a Alta Montanha, mas já tive uma experiência de subir vulcão que tem quase 4 mil Aí foi ali que a magia começou a rolar. A armou uma expedição para subir o
é vulcão que você faz dois dias, já tem a experiência de acampar na montanha, de acordar duas da manhã para atacar o cume, sabe? fui ali que eu comecei a me apaixonar pela, digamos pela alta montanha, né?
João Agapito (18:50)
Você fez a sua primeira ascensão a uma alta montanha que foi nesse vulcão. Mas naquele momento você já percebeu do tipo, cara, sou bom nisso. Acho que vai dar bom. Você já teve essa percepção?
Alan (19:04)
percebi isso quando eu estava Chaltenha, na verdade. fiquei lá e consegui escalar uma agulha, que é uma coisa difícil, que poucas pessoas fazem na primeira temporada. Já é uma caminhada muito longa. Você tem que caminhar dia para chegar lá, aproximar. Você tem que escalar dia para descer.
Já comecei a perceber que eu estava meio treinado para aquele tipo de terreno lá na Patagônia. Porque alta montanha querendo ou não, é muito psicológico. Então você tem que estar claro, com preparo físico, aclimatado, mas é muito mais psicológico do que esforço A Patagônia te treina muito, de você caminhar no vento, vento está quase te Então...
escalar, você vê pedra caindo, você vê gelo caindo, você sabe que pessoas morreu na montanha tudo isso vai te treinando seu psicológico pra outras coisas ali pra você ver foi tranquilo, sabe? Então, quando eu cheguei São Pedro de Atacama que eu realmente percebi que eu ia me dar muito bem na alta montanha porque a primeira montanha que eu fiz com os meninos, não passei mal
Fui muito bem, a segunda gente já tentou Likangkaburi, é vulcão gigante que aqui na cidade. Foi vulcão que a gente não fez A gente saiu muito tarde, a decidiu melhor baixar do que a gente se arriscar fazer cume, pegar uma tempestade na descida. Sabe coisas que você vai aprendendo? Claro que não importa o cume, o que é voltar vivo pra
São Pedro mesmo que eu vi que eu ia me destacar bem na alta montanha que ele ia ser terreno que ia me dar pelo menos cara é terreno que me lembra muito aonde eu aprendi com o montanhismo com o Itatiaia que caminhar pedras sabe aqui o pessoal quando pega esse tipo de terreno o pessoal sofre muito cara sofre muito sabe que são pedras grandes
que você tem que caminhar por cima para as pessoas que vão Itachiai e fazem as trilhas normais, você vai caminhar ali meio que passarela. Sabe, meio que uma estradinha. As pessoas que querem explorar mais, vai escalar, você tem que pular pedra. Caminhar andando rápido com os buracos de 10 metros para baixo. Então esse tipo de terreno já estava bem aclimatado
João Agapito (21:23)
Sim.
Alan (21:27)
aprendendo
João Agapito (21:27)
Mas
principal motivo que te levou a mudar para São Pedro foi enfim, alta
Alan (21:33)
O que eu tô aqui São pra falar a verdade, é por questão do trabalho Eu gosto muito de São Pedro, é uma cidade que tem 15 mil o que fez eu realmente ficar São Pedro é o trabalho Aqui tem Cara, eu considero trabalho ótimo, é aquele trabalho que eu trabalho quatro dias Descanso
Só falo português na real porque tem muito Então consigo ganhar bem, consigo aconselhar o trabalho com a montanha, conseguir juntar uma graninha para fazer minhas expedições. Então eu fiquei nove meses São Pedro, a primeira temporada realmente fui para fazer montanha. Então fazer montanha e dinheiro, claro. Aí fui na Patagônia, Brasil de novo.
e decidi voltar pra cá por causa do dinheiro. De estar aqui trabalhando, sei que tem muitas montanhas. Aqui é lugar que eu estou perto de tudo. Então, estou perto da Bolívia, estou perto da Codileira Blanca no Peru, estou perto da região do Orros. juntar uma grana.
João Agapito (22:32)
mas
Não, e eu acho que é muito incrível porque,
é cara de 22 anos, de uma origem humilde, que, cara, olha o tanto de coisa que você já conseguiu conquistar na sua vida, tantos lugares bacanas que você já visitou, que você já morou, tantas histórias que você já tem para contar, com 22 anos, fruto do seu trabalho honesto, vivendo seu sonho, cara, isso é maravilhoso.
Alan (22:55)
Cara, exatamente. Quando eu estava no meio da viagem, o Emmanuel me deu uma ajuda. Foi quando eu falei, vou voltar para o Brasil. Já meio que deu. O Emmanuel decidiu fazer uma vaquinha para mim. Então, essa vaquinha contava a minha história, que eu estava viajando com os time nesse currículo de montanha. E foi incrível porque a gente fez essa vaquinha. Eu não queria fazer a vaquinha
Posso trabalhar ali, conseguir dinheiro querendo ou pouco, mas... Progresso de me manter. Emmanuel, não, vamos fazer essa vaquinha, vamos fazer porque o pessoal vai te apoiar. E a gente fez a vaquinha antes de ir pro Lanin. Sabe, sim, dia antes. A gente foi pro Lanin, cara, contando a minha história lá que eu tava viajando pra construir esse currículo. Dois dias. Dois dias a vaquinha já tinha mais de seis mil reais. esse...
Eu não acreditei, eu falei mano, eu não acredito, velho, que vocês estão me olhando. É o universo, cara, sim, é o universo. E eu aprendi muito na viagem, o universo é incrível, a gente tem uma frase que eu falo ali que é o solta que volta. Sabe, você solta as coisas ali, as coisas boas também que você tá vendo. cara.
João Agapito (23:45)
Que isso! Pô, eu tô falando, é o universo de novo, entendeu? Falando,
Alan (24:05)
Que seja qualquer coisa, ou dinheiro, ou bens materiais, equipamento, isso que você estaria parado, solta, solta que volta. Então as boas energias ali voltando pra você. E isso aí foi o que me motivou, cara. Sabe? Eu tava meio totalmente sem grana. De assim, nenhum momento da viagem eu pedi dinheiro pros meus pais. cara, tem uma família que ganha salário mínimo pra poder viver.
João Agapito (24:12)
Sim.
E...
Alan (24:29)
eu falo cara como é que vocês sabem é muito difícil eu ganho bem e já falo assim cara eu ganhando bem não tenho filho já não consigo ter eu guardar dinheiro e imagino vocês com filho aluguel de casa essas coisas
João Agapito (24:43)
Sim.
João Agapito (24:44)
não é fácil, E aí eu queria te perguntar o seguinte. Bom, o brasileiro mais jovem a entrar para o seleto clube dos 6.000, ou seja, o grupo de pessoas, escaladores que fizeram mais de 10 montanhas acima de 6.000 metros nos Andes. Já caiu a ficha para você dessa conquista?
Alan (25:03)
Cara, esse feito, pra falar a verdade, já caiu a ficha. É uma coisa que eu sabia que ia acontecer uma hora ou não, porque as pessoas que não vivem no Brasil, né? Então é mais difícil pra eles estarem fazendo montanha o tempo todo. Sei que é feito incrível, nossa, olha, 22 anos, já tem estante de montanha. Mas, por eu estar vivendo aqui na Codilha da Los Angeles, cara, é muito mais fácil. Então, eu tô vivendo aqui...
nos pés das e é feito incrível cara com ano e dois meses eu consegui me tornar esse brasileiro mais jovem fazendo alta montanhas a cima de 6 mil metros então além das montanhas de 6 mil metros já tem ali mais de 20 montanhas a cima de 5 mil metros também são diversas
João Agapito (25:47)
ia te perguntar, porque até onde eu vi, a sua décima montanha que foi na Bolívia, o Willy Money, pelo que eu vi, dia antes você teve participado de resgate, então a conquista dessa décima montanha foi emblemática, foi perrengue, foi a mais difícil de todas elas?
Alan (26:07)
Cara,
foi a mais difícil pra gente porque a gente já vinha de uma expedição que tava ali quase todos os dias na montanha a gente tinha 21 dias e meio que tava fazendo uma montanha atrás da outra descansava dia e as vezes esse descrâmbio era pra se locomover pra base a gente fez ali 4 montanhas de 5 mil metros a última ali foi o Sarama, gente fez o Pari na Cota
Descemos, já fomos pro Sahama sem descansar e no Sahama, cara, a gente perdeu por esse resgate. Então a gente foi para o Sahama dois dias, que já é mais difícil porque você tem que ir aproximação muito longe, tem que levar bastante peso.
Alan (26:54)
a gente fez ela dia, de semana tranquilo, pra mim já tava ali de cabeça feita das expedições e o Juanito, cara, que é uma pessoa incrível também na vibe de fazer o sarrama, vamos, vamos, vamos
E me acordou 9 horas da manhã no dia seguinte cara, eu cansado, falei mano... Cara, eu vou descansar aqui, acho que não vou não E levantei, tomei café, falei mano, vai lá alugar sua bota e vamos lá Sabe, saímos... Da Vila do Sarrama direção ao Campo Alto Normalmente o pessoal faz Campo Base e depois Campo Alto A gente já foi pro Campo Alto, 5.800
Saímos no campo alto, era umas 8h30, 9h noite. gente viu que lá já tinha uma expedição de uma galera que a não sabia quem era, porque já era de noite e estava E a gente chegou, dormimos ali duas horas. Então foi o tempo de comer alguma coisa e Acordamos meia-noite e saímos para o ataque ao cume. Sarama era uma montanha que eu já conhecia. Ela foi ali minha...
Segunda alta montanha, eu fiz ela solitário. Quando eu estava lá na Bolívia, saí da tacã, fui na Bolívia e já tinha escalado algumas montanhas. E uma delas eu consegui fazer o Saramo solitário, que é uma loucura, mas é uma loucura boa porque é uma toda montanha é perigosa, se você tem que estar seguro ali, é bom você estar com uma pessoa mais.
Mas é uma montanha, se você tem ali conhecimento, você consegue fazer ela solitário, sabe? Não recomendo fazer isso, cara Mas se você tá ali preparado e quer se arriscar As montanhas que estão ali na Vila do Sargama é ótima pra isso Você se conecta demais com a montanha, caminha de noite, impenitentes Sabe? É muito incrível Aí eu e o Juanito chegamos, cara, gente atacamos o Kumi
passamos guia, guia austríaco cara, se não me sei muito bem porque ele tava falando inglês lá com o Juanito, mas enfim passamos eles a 6 mil metros o cume tá a 6.500, a gente fez cume 8 da manhã começamos a descer quando a gente começou a descer cara, gente encontrou eu consegui avistar o guia com esse gringo, o gringo já tava sentado falei cara, eles não tão bem
Então isso era 6300, era umas 9 da manhã mais ou menos. A gente chegou neles, o gringo estava apunado, com o mau agudo de montanha, cara, quando você não está aclimatado, isso aí é horrível, você pode ter edema pulmonar, edema cerebral, então tem que requer que desci. Então não tem o que você fazer na alta montanha, não se...
Descer com cliente ou o seu parceiro de cordada E ele não conseguia parar pé cara, a 6.300 metros Sabe, então... Cara, ele era maior que eu, assim, cara gigante Então, ele tinha ali 1,90m Até parecia que ele tava com salto cara, porque ele me abraçava assim, cara, ele era muito grande E ele era pesado, sabe? O guia era guia boliviano cara, não sei se você já foi pra Bolívia
João Agapito (29:53)
E qual o grande era o cara?
No!
É, não, mas eu sei que os bolivianos são pequenos, né?
Alan (30:15)
O
maior boliviano lá tem 1,60m. Não, mentira, esse era pouquinho maior, mas ele era pequenininho. E... Cara, deu trabalho pra gente evacuar com esse cara lá de cima. Porque ele não parava pé. Era terreno que a gente não conseguia carregar ele, porque era terreno de penitentes. Penitentes são quando começa a ventar muito, aquelas neves vai formando umas stalactites pra cima,
Então é terreno horrível de você caminhar e a gente encontrou ele a 6.300, cara. Esses penitentes acabavam só para baixo dos 6.000 metros. Então tinha 300 metros de desnível para a descer com ele, para a sair da penitente. Sabe, foi muito difícil, muito cansativo para a Porque não entendi o que ele falava, cara, então...
É uma coisa que eu preciso muito aprender o inglês, né, claro Mas ele me... toda hora falando comigo eu não entendi o que ele falava O guia dele também não entendia muito bem o inglês Então... O... sorte... a sorte nossa foi o Juanito, né? Porque o Juanito fala vários idiomas, então conseguia se comunicar com ele E o cara, tava tão mal Eu não sei se era alguma coisa que ele tinha comido ou se realmente ele tava vomitando sangue Cara, ele tava vomitando muito vermelho
E assim, vomitava toda hora, ele olhava pra minha cara assim, eu virava pra ele e vomita pra lá. Esse resgate, cara, a gente pouquinho mais de 10 horas da hora que eu cheguei nele, até a hora que a gente deixou ele no carro, assim, que ele tava
João Agapito (31:41)
E isso!
além do esforço físico,
o estresse, cara, que isso, E a questão da língua ainda atrapalhando mais,
Alan (31:51)
Cara, sim,
Sim, claro, queria muito acionar o Garmin, que é uma coisa que eu ainda não tenho, mas os meninos que fazem montanha comigo têm, ele rastreador que o Garmin. Ele queria muito acionar o Garmin, mas aonde a gente estava não ia adiantar acionar o Garmin nem cima, a teria que descer para pessoal chegar na gente, sabe? Então ele estava meio que se debatendo ali com o guia, falando, porque ele quase não falava e olha que conseguia falar, ele falava do Garmin.
queria sonar o garminho, não entendia muito a gente teve uma sorte, descanso que foi quando chegamos no campo alto foi ele 4, 5 horas de resgate até chegar no campo alto e ali a gente deixou ele tempo descansando então ali já falou que se sentia melhor, já queria comer então gente já achou que ele estava
E cara, a gente foi pro Sarama já sabendo que a gente tinha dois dias de ventana, Dois dias de tempo bom. Quando a gente tava descendo, as nuvens já tava vindo pro Sarama. Então a gente já foi pra lá e mano, a tem que fazer cume sim ou sim e descer. Sabe, se não fazer cume, tem que voltar pra cidade nesse dia sim ou sim. Então, fechando, cara, a gente via aquelas nuvens fechando, chovendo ao redor do Sarama. A gente no campo alto indo, A gente não podia descer.
deixar o guia lá com aquele cliente. O guia depois foi muito grato com a gente ter ajudado. Mas a gente desceu com o guia e ele ficou muito grato de a gente ter salvado. Não precisou realmente resgate na montanha de bombeiros, essas coisas. Porque eu acho que se não fosse o Curranito, aquele cara estava muito mal.
É uma coisa, não sei se é o ego, o que que é cara. É porque eu não entendi muito bem. Ele conversando com o Juanito, ele chegou na Bolívia, cara que, se você olhar ele, tem muita grana pelos equipamentos que ele tinha, de ser tudo novo, sabe, nada alugado. E ele não fez nenhuma montanha para aclimatar. É assim, já ia muito errado da parte da agência, ele vender a maior montanha da Bolívia para o cara, sem ter aclimatado.
E não sei se é pouco de ego dele, achar que é fácil, é uma montanha... vivo lá na neve, estou acostumado com isso. A outra montanha é muito diferente, cara, é altitude, é frio, extremo... sabe? Aí a gente acabou esse resgate, chegamos na Vila do Sarrama, despedimos ali do pessoal. No dia seguinte, a agência que estava com esse cara me mandou uma mensagem agradecendo que...
Se não fosse a gente, cara não saberia o que tinha acontecido com o cara. E como forma de agradecimento, eles iam nos dar uma montanha. Que era pra gente escolher qual montanha a queria fazer. questão de...
João Agapito (34:32)
quando
eles disseram dar uma montanha, dá o quê?
Alan (34:36)
Cara, eles parecem uma montanha, vocês podem escolher uma montanha que a gente vai dar essa montanha pra vocês como forma de agradecimento. Sabe, então...
João Agapito (34:44)
Mas é do tipo
equipamento, guia, o que eles
Alan (34:49)
Quando eles me falaram isso, me ofereceram o guia, terceiro equipamento e meu terceiro Depois o planeta ficou bravo comigo porque eu não aceitei nada, aceitei o guia. Eu mano, eu sou não vou querer o porteiro. Então eu estou acostumado a descarregar o meu peso. Aí eles falaram isso pra gente, é uma montanha que a gente estava planejando ir, mas os guias nos cobraria, a nós, 500 dólares porque é uma montanha
você faz dois, três gente conseguiu essa montanha de graça mesmo, por causa desse resgate, não pagamos nada na montanha. Foi lindo. Tivemos Sarama, tivemos três dias de descanso antes de ir pro Iliman. dia no Sarama.
Outro dia voltamos, outro dia a gente Cara, nesse dia a gente descobriu que tava com uma gripe. Era uma gripe no segundo dia. A descobriu que essa gripe que tinha passado pra gente foi aquele cliente que tava doente. Cara, voz de tripo, porque eu fico doente.
João Agapito (35:42)
Não, velho, não é possível, o Austrico? Porra, mano, vamos descobrir... Não, velho,
não é possível, vamos descobrir o endereço desse cara aí, velho, não,
Alan (35:51)
cara sem vergonha, gente descobriu que ele tinha passado pra gente porque eu tinha ficado doente, o Juanito ficou doente, que é o meu parceiro de cordada, o guia dele e o motorista, Os quatro que estavam com ele. A gente ficou doente, então a gente suspeitou que era dele, né? A gente foi fazer o Winnie Money, cara.
com uma tosse, com os três muita dor no pulmão, de tanto atucio hora que você nem aguenta atucio mais. E o Iliman é uma montanha técnica, De todas as montanhas de 6 mil metros, é a montanha mais técnica que eu escalei até hoje. Sabe, é uma montanha... Hoje dia eu acho que eu voltaria sem guia, porque eu já conheço o caminho.
Mas não é uma montanha que eu me arriscaria antes de uma escalada técnica, que pra escalar é fácil, pra desescalar que o bicho pega Já vi muito isso, tem muitas montanhas pra subir cara, que a cala é fácil, pra subir é difícil Você sobe tranquilo, pra descer é o bicho, viu? Pra descer o psico de não escorregar, de tá ali forte né? Com as técnicas certas pra descer
Aí a gente conseguiu fazer essa montanha com muita tosse. Os guias das outras expedições estavam chamando a acordada dos enfermos, que é a acordada dos doentes. o pessoal tinha nos dado essa montanha pra gente fazer quatro dias. Normalmente o pessoal vende quatro dias o Ilimani. dia no campo base, outro dia campo alto, outro dia cume, campo base e volta pra cidade.
Então a gente já não queria fazer 4 dias, falei assim, olha, aqui a gente quer fazer 2 dias, já está aqui matado, sou montanhista e não quero porteio. A gente não queria porteadores. Então a gente, eu sempre tento fazer as montanhas de forma mais independente possível. Foi a única montanha que eu fiz com o guia até hoje, aqui nessa viagem, né? Então não me arrependo nada porque é uma montanha...
Você tem que com guia ou você tem que estar ali se o escalador é o pino. Se não você não desce. Então muito bom essa experiência de ter Blades Gears no Imane. Mesmo com muita tosse, foi lindo estar na montanha.
João Agapito (38:05)
é brabo demais. Então, eu vi também que você fez cinco picos acima de 6 mil metros 21 dias, certo? Isso me lembrou, você já assistiu o filme do Nirmal Purja? O nepalês que faz os 14 picos acima de 8 mil metros 7 meses?
Alan (38:12)
21 dias, exato.
mano!
Cara,
isso aí é projeto que eu tenho aqui nos Andes também de escalar todas as montanhas acima de 6 mil metros. Não sei se ainda é possível, cara? Eu preciso estar pesquisando mais montanhas porque algumas montanhas do Peru já é impossível de escalar por aquecimento global, Então cai pedra, cai sabe? Então preciso estudar isso.
Mas é projeto que eu tenho, cara, o que falta é o grana, porque ele é a motivação que a gente tem, tá sempre ali motivado, querendo fazer
João Agapito (39:00)
Porra, mas é projeto
absurdo, assim, porque tem mais de, sei lá, 100 montanhas acima de 6 mil metros nos Andes, né?
Alan (39:03)
Sua dica é...
São 104 montanhas brasileiro que mais tem montanhas é o Pedro Halk, mestre aí também que tem muita experiência, tem diversos, tem mais anos de experiência montanha do que eu tenho de vida. Então é mestre que eu tive a oportunidade de escalar com ele quando eu era mais jovem, quando estava começando. E é cara que me inspira muito ali, eu me inspiro muito nele.
de escalar essas montanhas que está aqui nos Andes. Tenho muitos projetos de escalar montanhas no Nepal também, escalar essas montanhas famosas, mas eu tenho mais vontade mesmo de escalar essas montanhas que ninguém vai, do que chegar numa montanha ter uma fila de estar lá, po, será que eu vou conseguir, será que não, por essa fila, sabe,
João Agapito (39:54)
E você tocou num ponto interessante, porque
assim, tem muitas pessoas que se tornam famosas, Por escalar uma montanha que é muito famosa, vamos supor, lá, o Everest. Essa pessoa faz só o Everest e ela fica famosa. Enquanto tem pessoas que, cara, estão fazendo, né? Tipo, dezenas de montanhas, difícil, e mas alta montanha, técnicas e etc. E não tem o prestígio, né?
Alan (40:06)
Tchau!
Claro, E cara, é muito mais legal você estar na montanha ali, só o parceiro de cordada estar silêncio do que você estar na montanha que tem muita gente, está cheio de luzes. Eu falo que a segunda mais difícil foi o Ilimani, foi o Wainaputusi. É uma montanha muito famosa.
na Bolívia, por ser o 6 mil metros mais fácil pra escalar, cara, foi uma montanha muito difícil pra mim. Deu olhar pra cima, ver muitas luzes pra cima de mim, Você já me equipica com aquilo pra caramba, tem que subir bastante. Aí você chega naquelas luzes, você olha e tem mais 200 luzes pra frente.
Então o tempo todo você tava ali encostando pra alguém te passar ou você pedindo licença pra outras pessoas que estão descansando, sabe, não curti muito isso. Prefiro mais as montanhas aqui de Atacama, exemplo, que são montanhas lindas também, que não vai quase ninguém.
sabe, são montanhas, outro tipo de terreno totalmente diferente da Bolívia que é terreno nevado, com glaciar tem que andar encordado sabe, tem os riscos também, não tem gretas né, que a fala que é aquelas fendas que você pode cair dentro, mas aqui tem pedras o seu parceiro você tem que estar você tem que estar sincronizado muito bem com o seu parceiro
ou ficar muito esperto com as pessoas que você está levando para a montanha também.
João Agapito (41:55)
então e aí você tava falando enfim das duas montanhas mais difíceis que você fez e então falando sobre isso sobre riscos assim é mas teve uma experiência específica que você falou que você passou tipo o mais perto que você passou de morrer
Alan (42:11)
Cara, eu falo que não tive momento ainda. Sei que uma hora vai acontecer porque eu tô ali nesse tipo de terreno, mas de passar comigo do quase morrer...
porque cada... Claro, eu espero que não, mas o mundo do montanismo é muito louco, né? cada hora você quer fazer uma coisa mais difícil, tá ali vários terrenos, você tem que estar preparado para todo tipo de situação, né? Então é importante estar ali preparado, seus parceiros também. E é isso, cara, é bom estar nessa adrenalina, sentir essa adrenalina.
João Agapito (42:24)
É, ok, isso, cara. Tomara que não aconteça, tá doido?
Sim.
Alan (42:49)
é muito
João Agapito (42:49)
Sim.
E você estava falando então do tesão de fazer essas montanhas menos exploradas, Então, eu imagino que, assim, pro lado dos Andes, você tem muito menos... é muito menos explorado e também no sentido de infraestrutura, né? Porque, bom, se você vai para os Himalayas, se você vai para os Alpes, você encontra refúgio, você encontra muito mais... é trabalho de xerpa. Então, você acha que
Alan (43:10)
Claro!
João Agapito (43:14)
acha que isso contribui para
Alan (43:14)
aí
João Agapito (43:16)
mais tesão nos
Alan (43:18)
Cara, isso pra mim é incrível você realmente organizar toda a sua expedição né? Como vai ser a logística de transporte, como vai ser pra chegar até lá, o que vai ter, você levar água, todo esse tipo de coisas, eu acho que deixa as aventuras ainda mais legais né? tem lugares que a gente chega cara, que não foi ninguém ainda assim. pessoal às vezes vai por lado, solta por uma face.
gente quer subir por outra, sabe? Então tem o não sei, de o 4x4 sabe? Imagina você tá num lugar e o 4x4 não funciona mais e você fica a sabe?
Uma coisa que eu preciso comprar que eu ainda não garmin, que é rastreador, cara? Isso aí é essencial pra esses lugares inóspitos que a gente tá
João Agapito (44:08)
o montanhismo de uma forma geral é esporte relativamente elitizado, Porque, bom, entra a questão dos equipamentos, né? Que são caros, questão do deslocamento, você tem que ir pra, enfim, diferentes lugares, custa muito dinheiro, bom, dada a sua origem humilde, você acha que algum momento você enfrentou alguma barreira do tipo...
Alan (44:17)
Claro.
E aí
João Agapito (44:29)
alguma coisa que você sentiu assim no sentido de não pertencimento
Alan (44:35)
já sentia aqui no Chileno algumas de alguns Chilenos, sabe? De eu ver que eles, são Chilenos que tem dinheiro, são montanhistas com dinheiro, sabe? Que não motiva muita Então eu tenho muita sorte de conhecer a galera, uma galera massa que veio me motivando desde o início da viagem, com equipamento.
até mesmo me levando para a montanha que é o principal né cara que gente aprende muito pondo e acho que eu tô hoje, tu aonde eu tô hoje cara graças aos meus amigos com a Maoli, a Giselle com a Galiga que me deram equipamentos que são equipamentos que até hoje eu ainda não tenho condições de comprar como uma bota dupla que vale 5 mil reais sabe
São equipamentos caríssimos, sabe? Não é só uma bota dupla, você tem que ter ali uma blusa boa, uma lanterna uma lanterna vale quase mil reais, uma luva mais de mil reais, sabe? É muita grana. Eu Gastando 80 % do meu dinheiro com equipamento, os outros 20 com expedições. Mas aí vem fazendo montanha, cara, sempre...
motivando a galera também, então meus ciclos de amigos são pessoas mais humildes estão ali na vibe de fazer montanha que não tem tanta grana então querendo ou não essas expedições que a gente faz que mais autônoma não sai caro saco? você vai gastar 400 reais, 500 reais pra subir uma montanha 300 enquanto é uma expedição que pessoal monta vai gastar mil dólares 3 mil sabe? depende das expedições
João Agapito (46:15)
Se
Alan (46:16)
Então, por isso que eu venho fazendo muita montanha por isso. Sempre ali motivando a galera a fazer também. Tem muitas pessoas que eu cheguei aqui São Pedro, não era montanhista. Hoje dia se tornou montanhista por eu estar sempre
que é esporte caro montanhismo, uma escalada acho que todo esporte de aventura né cara quanto mais aventura mais isso mais é muita falta isso mais barato né
ser mais acesso para as pessoas mais humildes. Então, como a Aretha, exemplo, olha para você ver. A Aretha veio de nada, subiu a Everest, a primeira mulher negra subiu a Everest. É falta de oportunidade.
João Agapito (46:54)
Cara,
já te acho extremamente vencedor. Olhando pelo que você contou da sua história, é muito novo, rompendo barreiras e já inspirando pessoas. Você disse que já iniciou muita gente no
Alan (46:58)
E...
João Agapito (47:09)
E só uma pequena correção. Você disse que está gastando 80 % do seu dinheiro não está gastando, você está investindo. Porque é ser montanhista brabo. Eu tenho certeza que você vai ser cara reconhecido e vai viver full time só disso.
Alan (47:14)
Asta é nosso, invertir não é a
breve, sei que estou no caminho
João Agapito (47:30)
a última pergunta pra gente fechar nosso bate-papo qual que é o seu maior objetivo dentro do montanhismo
Alan (47:35)
Cara, meu maior objetivo é estar motivando as pessoas a entrar nesse esporte, Estar ali se conectando mais com a levar o meu conhecimento com outras pessoas, estar sempre motivando as pessoas mais humildes também, não só os ricos também, mas as classe média, classe baixa, estar entrando no montanhismo.
a se jogar nesse mundo é o mundo nômade da meu grande objetivo é me tornar guia de montanha, indo no caminho certo, construindo esse
João Agapito (48:10)
Pô, Hirara, tenho certeza que você ainda vai trazer muitas conquistas para Itamonte, viu?
Alan (48:14)
Sim, com certeza.
João Agapito (48:17)
E se você ficou aqui até o final, eu imagino que você tenha gostado, a melhor forma de apoiar o podcast é deixar a sua avaliação, se inscrever, seguir e compartilhar com quem você fazer uma contribuição financeira impactando diretamente o nosso trabalho, eu vou deixar link aqui na descrição e é isso.
Muito obrigado e até semana que vem.