
Rádio Grilo
Na Rádio Grilo, somos todos apaixonados pelo mundo outdoor. Aqui trazemos histórias autênticas de atletas, viajantes, fotógrafos e filmmakers que compartilham diferentes perspectivas sobre essa paixão. Apresentado por João Agapito.
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16. Guta Barbosa (Trilha Delas): Mulheres, Montanhas e a Revolução do Turismo de Aventura
A Guta Barbosa é fundadora da Trilha Delas, uma agência de turismo de aventura de mulheres para mulheres. Formada em educação física, ela abandonou uma bolsa de doutorado na Austrália para se dedicar ao projeto, que hoje conta com uma equipe de guias especializadas que leva mulheres para fazer trilhas e escalar montanhas pelo Brasil e o Mundo.
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Joao (00:00)
Fala galera, sejam muito bem vindos a Rádio Grilo, seu podcast do mundo outdoor. E no episódio de hoje a gente vai bater papo com a Guta Barbosa, que é fundadora da trilha delas.
uma agência de turismo de aventura focada exclusivamente mulheres. Então a Guta é formada educação física e acabou abandonando uma bolsa de doutorado na Austrália para se dedicar a esse projeto que hoje já conta como equipe de guias especializadas. Então nessa conversa a gente discute sobre os desafios de romper os estereótipos de gênero, a importância de criar espaços seguros para mulheres atividades outdoor e
como essas experiências fortalecem a autoconfiança e o senso de comunidade. Eu gostei muito desse episódio e espero que vocês gostem também. Bora lá?
boa, Aguta. Você gostaria de começar fazendo uma breve introdução sobre quem é Aguta, os motivos que te levaram a hoje estar empreendendo no turismo de aventura?
Guta (01:32)
Bom, vamos lá então. Eu sou a Guto Barbosa. Eu estou empreendendo no turismo e tenho quatro anos. Inicialmente começou como uma brincadeira mesmo. Minha paixão pelas aventuras e pelo montanismo me levaram a criar grupo só para mulheres. Bem na época da pandemia, então acho que estava tendo essa necessidade pessoal das pessoas buscarem uma atividade que tirassem elas.
pouco daquele momento que elas estavam vivendo. E para mim também era uma necessidade pessoal. Eu lembro que naquele período eu comecei a compartilhar muitas das minhas aventuras e trigas nas montanhas aqui do Paraná pelo Instagram e a gente sabe que essa base virtual ficou muito fortalecida nesse período da pandemia. Então comecei a compartilhar essas experiências, as mulheres próximas a mim que gostavam ou que se identificavam com aquela atividade falavam, me chama para ir junto, né?
e a gente criou grupo assim de forma assim sem nenhuma intenção mesmo e no primeiro evento que a gente cheia assim de trilha para mulher a gente uniu já 35 mulheres então foi muito legal só que ao mesmo tempo foi assim susto porque a gente sabe que essas atividades outdoor elas tem vários riscos né então quando a gente chega com 35 pessoas para fazer uma trilha a gente sabe
que de certa forma a gente acaba se tornando responsável para as pessoas. E naquele momento eu pensei, não posso fazer isso de forma irresponsável. A minha formação original é a formação educação física. Na época eu estava fazendo mestrado na área de Fisiologia da Saúde e do exercício. Então eu estava muito focada nisso e não imaginava que esse movimento das trilhas ia para frente. Mas mesmo assim, eu optei por me profissionalizar.
Então, conforme a gente foi fazendo os encontros, eu logo iniciei curso de guia de turismo. Também tenho curso de primeiros socorros áreas remotas, porque eu vi e essa prática, as atividades que são feitas de formas mais responsáveis mesmo. E aí, conforme foi passando o tempo, o movimento foi criando uma força assim, gigantesca. Eu cheguei num ponto da minha vida que eu tinha conseguido uma bolsa de doutorado para estudar na Austrália.
Então era algo que eu queria muito, muito, muito tempo, isso foi 2022. E aí eu me vi frente a ter que fazer uma escolha, né? Então, o que eu vou fazer? Eu vou embora, continuo estudando ou fico aqui... Acredito nesse movimento que eu tô criando. E nesse momento era algo bem iniciante, assim, né? Tinha poucas pessoas fazendo parte. Mas aquilo me fazia tão feliz e me deixava tão completa, né? Aquelas experiências que eu colhei.
Acho que vou ficar e vou ver o que vai dar isso. E aí a gente realmente de fato abriu uma empresa. Hoje tem mais quatro meninas que trabalham comigo, Também a gente proporcionou com que elas estudassem também para seguir a diturismo, se profissionalizassem para poder oferecer uma prática bem responsável e segura. E esse foi o início da trilha delas. E é claro que eu não posso deixar de lado também que...
Dentro da minha jornada acadêmica e de vida mesmo, eu sempre procurei fazer o projeto com mulheres. Então quando eu estudava e estava na formação de discussão física, eu fazia parte de projetos sobre gênero sexualidade nas audições físicas e no esporte. Então tentar entender quais fenômenos que levavam as mulheres a praticar ou não uma atividade física. Então sempre tentei trabalhar com esse público porque me identifico e acho que uma coisa foi indo à outra. E quando eu me deparei com a situação de ter que
Eu fiz essa escolha que foi a melhor escolha que eu fiz na minha vida. nossa, muitas mulheres já fizeram algum tipo de atividade com a gente. É claro que a tem várias atividades, mas a que a gente mais gosta, que a gente mais sente propósito é levar essas mulheres para subir montanhas, para iniciá-las no montanhismo, porque acredito muito que é uma ótima forma delas superarem limites.
ver mulheres superanovementes assim é como romper alguns estereótipos de gênero, né? Porque a gente sempre associa que a imagem da força, da coragem, está muito atrelada ao masculino, isso foi socialmente construído e acho que a gente vem assim com esse projeto para tentar romper pouco desses paradigmas.
Joao (06:06)
Obrigado pela introdução. Que incrível que você teve essa opção de fazer mestrado, doutorado fora, acabou optando por ficar no Brasil porque você tinha propósito e hoje está muito feliz com a sua escolha. Eu acho que é muito importante quando a gente de fato se agarra a propósito e no médio longo prazo você vê que aquilo deu certo. Acho que deve ser muito clara.
Guta (06:31)
Sim, é bem gratificante e às vezes assim, não é nem a questão de... Às vezes a gente usa métodos diferentes para saber se deu certo ou se não deu certo, Tipo, crescimento da empresa ou algo desse tipo. Mas eu acho que é mais essa sensação e o feedback das mulheres que estão com a gente que vale mais a pena que tudo, sabe? Independente de empresa e tudo mais. acho que sentir que estou servindo algum propósito é a melhor parte dessa jornada.
Joao (06:57)
Que bacana. Então, para explorar pouco mais sobre as suas origens no mundo Altidó, o seu amor por trilhas, montanhas, começou no Pará, porque o Paraná, dentro dos estados brasileiros, se não for o que tem mais montanhas, é dos.
Guta (07:11)
O curioso é que não. Apesar de hoje o Paraná ser o berço do montanhismo, porque a primeira montanha que foi subida recracionalmente foi aqui no Paraná, que foi o Marumbi. Então, Paraná é conhecido como berço do montanhismo, mas eu não iniciei aqui. 2014, eu morei na URÓ. E lá essa cultura do trekking, do montanhismo ainda era muito mais forte do que era nessa época aqui no Brasil.
A gente vê, hoje dia tem o boom do montanhismo, está se tornando uma cultura, principalmente entre os jovens aqui Paraná. Mas quando eu saí daqui não era tão forte. Então eu fui morar fora, fazer intercâmbio. E lá eu tive muito contato com essas experiências. Então comecei a fazer trilha mesmo quando eu estava morando lá. E aí eu aprovei a oportunidade que eu fiquei morando dois anos na Europa para explorar muito e conhecer vários lugares ali na...
ali perto de onde eu morava. Então esse foi o start. Aí quando eu voltei para o Brasil, eu percebi que eu tinha playground, assim, no quintal de casa, que aí eu me dei conta que tinha muitas trilhas e muitas aventuras para fazer aqui ao redor, Então esse foi o início de tudo.
Joao (08:23)
Pô, que bacana! Onde você morou na Europa?
Guta (08:26)
Eu morei na Hungria, Budapeste, no leste europeu.
Joao (08:30)
Que loucura, como você foi parar na umbraria?
Guta (08:33)
Pois é, poucas pessoas só sabem, mas o início das teorias do treinamento físico, elas tem base num tipo parte do leste europeu. Então quando eu tive opções de estudar o Intergram, foi dentro da área da educação física, eu sem sombra de dúvidas, sem ir para o leste europeu. E a Hungria era dos países que tinha para escolher. E eu também sempre gostei muito dessa questão de viajar. Amava viajar e eu percebi que a Hungria era país muito estratégico para conhecer vários outros lugares, porque...
país faz fronteira com outros sete países. Então, eu nossa, acho que começou uma boa oportunidade assim de estudo e de intercâmbio cultural mesmo, pra viajar e tudo mais.
Joao (09:12)
Pô, que isso, que da hora! Então, assim, falando sobre o trilha delas, quando você foi criar a empresa, então uma agência de turismo, de aventura voltado para mulheres, que é uma coisa zero óbvia, assim, você enfrentou alguns obstáculos, sentido de pessoas, não sei...
Guta (09:30)
Bastante. É muito comum, assim, às vezes algumas mulheres virem fechar algum passeio ou experiência com a gente e perguntar se tem homens que vão guiar. mas é só mulher. Mas não tem homem. E se a gente precisar de ajuda para a força, para subir? Então a gente se depara assim com isso. Não dá para julgar, porque como eu falei, a gente está rompendo alguns estereótipos que foram construídos durante muitos anos. E algumas mulheres...
e eu associe isso a mulheres mais velhos, porque acho que a nova geração está vindo com pensamento diferente, elas associam muito esse trabalho de guiar a trabalho masculino. Então, talvez, precise de alguém para puxar elas ou fazer algum tipo de força, sendo que, na verdade, o nosso objetivo é justamente falar e se comunicar com essa comunidade das mulheres que elas não precisam desse tipo de apoio, que elas sozinhas conseguem.
Mas a gente se deparou algumas vezes com isso e acho que isso o que a gente mais vê acontecendo. Mas de forma velada, isso sempre acontece. As pessoas acreditarem mais no trabalho das mulheres ainda nesse âmbito das aventuras outdoor. Então eu sinto que sim, existem essas barreiras. Mas a gente hoje criou uma comunidade também muito forte onde as mulheres se apoiam muito. Então...
as mulheres que estão com a gente, elas nos escolhem justamente por sermos mulheres também. Então tem os dois, tem o ônus e bônus, de ser grupo só de mulheres.
Joao (11:03)
que bacana. aí então no início foi só você, você disse que hoje você tem mais algumas outras parceiras, mas conta pra gente como é que foi o seu início assim de tipo, como é que você começou a descobrir os lugares, a fazer as rotas, como é que foi esse planejamento?
Guta (11:19)
Todas as aventuras que eu me proponho a com as meninas são... Três vezes que eu tenho experiência que eu já conheço muito bem o percurso, então desde o início sempre foi assim. Então, todas nós íamos para algum lugar que eu já tinha domínio ali da região. E no começo era realmente só grupo de amigas. era eu ali só orientando a atividade.
E a gente se juncava ainda caronas nesse começo. Aí só depois a gente começou a contratar uma empresa de transporte para fazer operação. E aí quando eu vi essa necessidade de nossa, estamos muitas mulheres que precisam de pelo menos uma pessoa me ajudando. Aí começaram as meninas que participavam mais frequentemente a me ajudar. E eu cheguei ao momento de conversar com elas e falar, é isso que vocês querem? Querem tocar esse barco junto comigo? Então a gente vai fazer curso de guia de turismo. Vamos assistir.
especializar nisso, fazer curso de primeiros socorros. E aí foi assim, crescendo. Hoje, a gente já tem as meninas que querem integrar a equipe, que já são guias. Então, elas querem participar, já tendo a profissão delas e querendo participar. gente já chegou nesse patamar de empresa. Mas no início foi assim, amiga se juntando e se ajudando e colaborando assim para crescer. E foi muito legal porque uma coisa para levando a outra. Lá no início, uma menina que fazia trilha...
Tivemos agência de marketing, então criou nossa logo, aí outra contribuiu com outra coisa, então foi crescendo assim como uma comunidade mesmo, para semear o que a gente está colhendo hoje.
Joao (12:50)
Pô, que incrível. aí, imagina que vocês começaram então com trilhas do Paraná e aí depois vocês foram expandindo, hoje você já tem trilhas vários países.
Guta (13:00)
Isso, eu tenho, como eu moro fora, tenho bastante experiência com viagem, vou muitos lugares. E aí, quando a gente começou essas aventuras, é... Claro que eu não pensava que a gente ia chegar tão longe, assim, do início, mas depois que gente se profissionalizou, eu pensei, poxa, eu acho que vai ser muito legal levar essas mulheres pra fazer algumas atividades que eu já fiz. Então, a nossa primeira experiência internacional foi na Patagônia, foi uma viagem que eu já tinha realizado, e aí a gente organizou pra ir com as meninas também.
Então todas essas viagens maiores que a gente faz hoje dia, primeiro eu vou, scout, conheço a região, monto roteiro e daí implemento na agenda. Tem muitos lugares que eu conheço e que não dá pra colocar porque eu não fui com o olhar de agência, eu fui com o olhar viajante. Então hoje aos poucos eu também estou indo pra esses lugares, às vezes até lugares que eu já fui, mas com o olhar de agente de viagens que está criando roteiro.
Porque antes eu tinha as minhas experiências de viajante, eu viajava muito tempo sozinha. Então é diferente você viajar sozinha e você viajar com olhar empreendedor para criar roteiro para aquela região. Até porque hoje também eu estou abrangendo mulheres com diferentes gostos, então tem que estar sempre cansando nisso. E graças a Deus a gente está extremamente educada, a gente está colocando mais lugares no roteiro. Como te falei, também tem outras meninas que trabalham com meu educador.
comigo que também tem experiências de viagem, então quando eu não tenho roteiro, tem uma que tem roteiro legal para ir, então a está nessa construção e sim, já estamos explorando a América do Sul e quem sabe mais para frente vamos cruzar o Oceano também.
Joao (14:40)
Porra, que vasta! E então conta pra gente pouco mais sobre qual que é o perfil do tipo de mulher que geralmente procura vocês.
Guta (14:50)
A gente tem uma faixa etária que é a que mais nos procura, que é entre os 25 até 40 anos. Essa é a nossa maior faixa. Claro que tem mulheres de todas as idades, mas geralmente dentro mais essa faixa. Muitas mulheres solteiras, tem muitas mulheres solteiras e que não tem companhia para viajar porque a gente sabe que se você está casal é mais fácil você explorar e fazer algumas atividades.
Mas se você é uma mulher sozinha, você encontra muitas barreiras. Então, muitas têm medo de viajar sozinha. Então, encontra no grupo uma possibilidade de viver aquilo que elas estavam planejando viver. E acho que é esse perfil mesmo. Mulheres nessa cachetada e solteiros.
Joao (15:38)
E tem algum tipo de pré-requisito que vocês geralmente colocam?
Guta (15:42)
Depende da atividade. Então, por exemplo, aqui no Paraná, como gente deixa as trilhas de montanha, a gente faz ao longo da temporada de montanha, que vai de abril até setembro, a gente faz uma evolução do nível de dificuldade das experiências para quem está começando. Então, tem muitas mulheres que sonham, o objetivo de subir o Pique Paraná. E o Pique Paraná é a montanha mais alta do sul do Brasil e é uma das mais difíceis aqui.
E aí a gente faz todo programa, planejamento para que elas consigam subidas mais fáceis, transmais difíceis. E quando tem uma mulher que já fez algumas outras tiras e quer subir direto o Pico Paraná, gente tem, sim, alguns critérios. Então é perfeito pelo menos três montanhas aqui na Serra do Ibitirakiri, que é onde se localiza o Pico Paraná. Até porque para oferecer uma experiência segura para elas e para não ser as guardar também enquanto uma empresa que prece esse tipo de serviço, porque gente não quer colocar ninguém risco.
E a gente quer ser muito responsável com a atividade.
Joao (16:42)
Sim, correto. Então, eu imagino que você já tendo guiado diversas mulheres, você já deve ter encontrado várias histórias interessantes, devem ter acontecido, não sei, de superação. Teve alguma que te marcou mais, que te tocou mais?
Guta (16:58)
Olha, é difícil falar uma, porque assim, são várias. Sempre que a gente tá fazendo as tridas, não importa se é uma montanha de nível mais fácil ou se é uma montanha de nível mais difícil, a gente escuta relatos do tipo, eu nunca imaginei que eu conseguiria fazer isso. É o que a mais ouve. E a gente vê elas fazendo lá de uma forma tão fácil, sabe? Sem tipo dar verdadeiras que a gente pensa. Por que que ela se limitou a pensar que ela não conseguiria fazer algo que...
só depende ou dela única e exclusivamente, da vontade dela. A gente se depara muito com essas situações e quando a gente faz esse projeto para subir o PIC Paraná, que a gente vê a evolução delas, a gente vê elas saindo de nível não somente técnico, mas mental mesmo, de se perceber e perceber a sua capacidade para outro nível. Então elas saem de uma autoestima muito baixa, se reconhecendo muito pouco sobre as suas capacidades.
pra nível de nossa, eu sou foda, eu consigo fazer isso. E é muito legal porque quando elas sobem uma montanha e elas percebem a capacidade delas de fazer a colatividade, isso reflete a outras áreas da vida delas. Não é só sobre uma montanha, é sobre como ela vai lidar com as dificuldades do dia a dia, sobre como ela vai lidar com as dificuldades emocionais que ela vai passar durante a vida. é processo que a gente fala que é simbólico. Subir montanha é simbólico.
porque a força não está só ali, ela é reproduzida para várias áreas da sua vida, então é símbolo. Subir montanha é símbolo, ser capaz de subir uma montanha é ser capaz de superar várias dificuldades na vida mesmo. A gente se depara assim, eu que lido com público feminino, que muitas não percebem a sua capacidade, porque isso foi ensinado para elas desde muito cedo. você não consegue, você não tem força suficiente. E uma menina começou a fazer treu com a gente e logo no início ela machucou o ombro e ela teve que...
ficar tempo fora e não achar... Ficou ano. E aí ela voltou a fazer triga recentemente e ela falou que a mãe dela falou... A mãe dela falou pra ela que isso não era coisa pra ela que ela não iria dar conta, que não era o percheu dela. Então ela contou isso de forma muito assim, emocionada assim e falou nossa, olha como eu consigo, né? Não posso dar ouvido porque as outras pessoas vão falar de mim, senão eu vou fazer nada. E é justamente isso, sim. É quebrar essas expectativas que as outras pessoas colocam nas milhares.
É muito x, mas quando elas se sentem capazes elas superam várias coisas.
Joao (19:28)
que bacana e eu imagino também que o simples fato de você colocar pessoas que geralmente não se conhecem né de classes sociais diferentes com habilidades diferentes é no momento que você tá ali subindo a montanha você tá num grupo é tipo é grupo entendeu não depende assim independentemente se você é governadora do estado
ou se você trabalha na lanchonete da escola, entendeu? É todo mundo junto. Então eu imagino que esse tipo de situação, esse tipo de ambiente também favorece muito o crescimento pessoal de cada uma delas.
Guta (19:58)
Com certeza, Jhon, você tocou num ponto muito legal que isso, assim, a gente coloca várias mulheres diferentes, contextos diferentes, elas saem da bolha delas pra estar numa situação de dificuldade. E o que eu tenho visto ao longo desses anos é que existe algo muito particular, assim, dentro das mulheres, que é ser muito empática com a outra. Então, assim, não tem essa questão da competitividade no sentido de, ela tá atrasando o grupo, eu não quero esperar. Quando...
surge uma necessidade uma das mulheres parece que todas vão acolher. Então se uma se sentiu mal, passou mal, teve uma... parece que todas vão ali naquele momento para amparar e eu coloco isso resultante de duas coisas playstys. Primeiro, que mulher tem essa questão de cuidado mesmo, que é particular das mulheres, as mulheres estão ensinadas a estar sempre cuidando assim, então elas vão nesse papel acolhedor de cuidar. E o segundo é...
toda mulher já passou por uma situação de dificuldade onde ela se sentiu desamparada e mais fraca. E quando ela vê uma mulher passando por isso, ela sabe que ela já passou isso na pele. E ela sabe que dia ela precisou de alguém amparando ali. Toda, toda mulher. Independente do contexto, algum momento ela sentiu assim. Então ela se coloca na pele da outra. Então ela corre. Então é muito legal porque é isso. São vários melees.
diferentes de outros contextos, mas todas ali se unem naquele momento para conquistar uma vigitíro toda juntas e elas têm mesmo esse pensamento de grupo, esse pensamento do coletivo quando elas estão juntas. Eu já tive experiências de guiar para outras agências grupos mistos e eu também às vezes faço algumas atividades mistas e é pouco diferente assim, porque são perfis diferentes, O homem tem perfil diferente da mulher e eu sinto que os homens,
De certa forma, eles gostam muito do desafio interno para eles. Então, se eles estão numa trilha, eles estão muito se desafiando. Eu quero as mulheres não estejam, mas eles estão muito se desafiando. E aí, nessa busca do desafio interno, não é sempre, tá? Mas algum momento, o coletivo se perde pouco. Então, é muito comum que você vê nas trilhas mistas, homens ficarem empasquentes com mulheres que estão atrasando demais. Porque ele está naquele desafio interno. Ele quer subir, ele quer chegar, ele quer ver até onde que ele consegue. Então...
Quando tem alguém que está atrasando demais, às vezes causa, fica pouco irritado ali, perde pouco a paciência. E essa é a diferença principal que eu vejo de quando eu estou nesses grupos, miços e femininas. O senso de coletividade aumenta muito entre as mulheres, o que também rompe alguns estereótipos de liberalidade feminina, porque é muito comum. Quando eu falo que eu viajo só com mulheres, algumas perguntas são muito frequentes. Não tem briga?
Imagina, 20 mulheres juntas, Não tem desacordos e tudo mais e não. Existem desacordos que existiriam entre qualquer pessoa, sabe? Então, se uma pessoa atrasa, é claro que a outra fica chateada. Se uma pessoa não tem empatia pela outra, é claro que isso vai gerar uma discorda. Mas não pelo fato de ser mulher e beijando juntos, porque não tem o junto. Então, eu tenho aprendido muito também com essas experiências, tenho observado muito pra tentar entender esses fenômenos, né?
E esses fenômenos acabam rompendo os triôrtidos até dentro de mim, dentro das pessoas que estão nesse movimento.
Joao (23:22)
Então eu gostaria de perguntar, dentro de todos os passeios que vocês fazem, qual é o mais popular e qual é o seu favorito?
Guta (23:31)
é mais popular, eu acho, são as montanhas. Quando é a temporada de montanha, nossa moderada se anima muito. Porque subir uma montanha a não considera passeio, Então, assim, gente tem os passeios que são ir para a praia ou fazer uma viagem ali, que gente chama de uma viagem mais gourmet. Mas as trilhas montanhas a gente não considera passeio, a considera uma experiência, né? E quando chega a época da temporada de montanha a gente vê mesmo essa transição, assim.
dos passeios ou tours para uma coisa mais concentrada, especializada, porque as mulheres elas entram se sentindo de, precisa ser preparada para a temporada de montanha, estou treinando há três meses para poder viver essa experiência. Então é muito popular, assim, essas expedições que a gente faz. E também são as experiências que eu mais gosto de proporcionar dentro da agência, porque eu acho que foi isso que fez eu iniciar. Eu tenho uma paixão enorme pelo montainhismo.
Eu queria poder subir várias montanhas. A sabe que hoje dia também tem essa questão da barreira financeira para muitos montanhistas. Eu conheço muitos montanhistas excelentes e mal tiveram oportunidade de sair do Paraná. A sabe quanto custa fazer uma inspeção de alta montanha, quanto custa estar viajando para fazer outras montanhas por aí. Mas isso é uma meta para mim, sabe no futuro. Mas eu amo o montanhismo. Eu acho que nenhuma experiência para mim...
é melhor do que ver mulheres que começaram do zero subindo o Pico Paraná. Porque, como eu falei, subir montanhas é simbólico e subir o Pico Paraná também é simbólico, porque a fala da montanha mais alta do sul do Brasil e o quanto isso significa de valor para as pessoas que estão subindo. Então gente vê muito se emocionando, eu acabo me emocionando muito bem. Então é a experiência que eu mais gosto de proporcionar por aqui.
Joao (25:23)
E aí geralmente então nessas trilhas vocês acampam na montanha? Como é que a logística?
Guta (25:29)
Depende, depende das experiências, a tem experiências que a gente acanta também e tem a maioria delas por ser muito próximo de nós aqui, a gente faz de ataque. Então a gente inicia a trilha de madrugada, vê o nascer do sol e retorna. Algumas vezes a gente tem acompamento assim, mas é mais frequente esses ataques mesmo na montanha.
Joao (25:50)
legal né porque aí já fica até uma barreira menor né porque eu imagino que bom se você já vai subir uma montanha já é desafio agora se você tem que acampar ao longo da trilha já esse desafio já aumenta né
Guta (26:00)
Isso, e também é que o campo acampamento entra outra barreira, na mesma barreira que eu comentei no Regarde, que é a barreira do planejamento financeiro mesmo para fazer a trilha. Quando você vai só fazer ataque, você não precisa ter investimento numa barraca, não sabe dormir, visualante térmico, a gente sabe que precisa desse investimento grande quando quer viver essas experiências. E para você fazer só ataque na montanha, claro que você precisa ter investimento mínimo de...
equilíbrio de segurança, mas é muito menor. Então, isso favorece com que mais pessoas possam participar. E é também dos objetivos nós quanto empresa, é proporcionar twist de forma muito democrática. sabe, claro, existe recorte social de quem pratica essas atividades, mas a gente tenta deixar o mais acessível para que mais pessoas possam participar.
Joao (26:49)
Incrível, parabéns pelo propósito. Então, como você vislumbra a agência daqui a cinco anos, qual que é o seu sonho?
Guta (26:56)
Bom, sou uma pessoa bem metódica, eu sou bergidiana, não sei se você acredita a suologia, mas me considero muito metódica e eu tenho esses cassamentos assim de o que eu quero, curto, médio, longo prazo. Eu acho que daqui cinco anos a gente vai estar fazendo quase dez anos de empresa. Eu quero estar muito bem consolidada enquanto agência aqui no Paraná. Não nego que eu quero ser a maior agência de ecoturismo para mulheres no Brasil.
Isso talvez é algo mais a médio prazo, mas quero estar muito bem estabelecida aqui dentro do Paraná, com uma comunidade muito forte. Acho que quando eu penso na agência e no que eu vislumbro, eu quero uma comunidade muito forte. quero que as mulheres estejam muito integradas com as nossas atividades. Hoje tem muitas mulheres que colocam como objetivo mesmo pro ano fazer uma atividade por mês. Então, olha que forte, poderoso isso, né?
A tua empresa tem propósito de vida para algumas mulheres, acho que é isso. Quero estar explorando vários roteiros internacionais e nacionais e espero também, enquanto eu, guia de turismo, também ter crescido ainda mais dentro dessa área, ter explorado mais montanhas, feito mais cursos para poder proporcionar essas experiências de forma cada vez melhor.
Acho que para cinco anos é isso, uma comunidade forte e bem estabelecida aqui na nossa região.
Joao (28:28)
Sim, bastante efetivo, bastante possível. Então, para quem quer conhecer mais sobre agência, sobre você, quais são os canais, onde é que as pessoas podem te acompanhar?
Guta (28:38)
A gente tem uma base muito forte no Instagram. Hoje tem outras redes sociais no Instagram onde a produz mais conteúdo, então o pessoal pode conhecer pouco mais do nosso trabalho por lá. O Instagram da agência é a arroba Trida Delas, que é o nome da agência. O meu é a arroba Guta Barbosa. Nos dois canais, eu mostro muito como é essa rotina de seguir ou de estar na agência. Acho que uma comunicação pouco diferente de cada uma das duas.
Mas pra quem quer acompanhar mesmo o nosso trabalho contagência, ali na trilha dela a gente posta sempre as nossas atividades. As meninas também têm esse costume de mostrar como foi a experiência delas e a gente acaba repostando. Então é legal pra ver como que isso funciona do lado de lá também. essas mulheres estão sentindo, o essas mulheres estão vivendo.
Joao (29:24)
Pô, que bacana! Então, assim, tem alguma mensagem final, algum projeto que tá chegando agora, próximo, que você gostaria de dar anúncio aqui?
Guta (29:36)
Acho que sim. De metas futuras e coisas que a gente está fazendo agora, a vai ter a nossa primeira expedição por Monte Farai, mas vai ser bem poderoso esse momento. Acho que foi uma das coisas que eu mais aceito fazer. Vai ser muito legal estar com grupo de mulheres lá, final de ano estaremos por lá. Claro, a tem várias atividades. Agora, para o futuro da trilha delas mesmo, eu penso mudar mesmo esse estereótipo.
das mulheres, então a gente está vindo com muita força nas Montanhas, é possível ver essa presença feminina gigantesca. Eu acho que o que vai acontecer no futuro é que esse movimento que eu criei vai fazer com que as pessoas olhem para as mulheres como pessoas capazes de fazer qualquer coisa. Então é isso. E de mensagem que eu tenho para deixar, que existem várias situações que são criadas na nossa vida.
A gente às vezes acha que a gente quer alguma coisa, mas muito daquilo que a gente quer foi simplesmente colocado na nossa cabeça. Então, estar com os olhos abertos para perceber o que o universo está nos proporcionando e para onde ele quer nos guiar é sempre a melhor forma de identificar quais são os nossos propósitos verdadeiros. E eu digo isso porque eu passei isso na minha pele. Eu passei muitos anos achando que meu sonho era fazer determinada coisa e aí quando eu abri meus olhos para perceber aquilo que estava acontecendo ao meu redor,
eu vi que o que eu queria era outra coisa e eu nasci para outra coisa. Então, estar com os olhos abertos, porque o universo tem mostrado, vai nos guiar da melhor forma para o nosso propósito. Acho que é essa a mensagem que eu queria deixar. E obrigada por ter dado esse espaço, assim, de contar pouco sobre esse trabalho. É assunto, vezes, muito polêmico, né? Porque a gente, querendo ou não, está falando simples e puramente sobre movimento feminino, assim, que cria...
diversas narrativas diferentes, então ter espaço para falar sobre isso é muito importante nos dias de atual.
Joao (31:33)
Nossa, que mensagem incrível, inspiracional. Muito obrigado você por ter compartilhado pouco mais sobre a trilha dela, sobre a sua história e toda a sorte do mundo para vocês aí no futuro.
Guta (31:44)
Muito obrigada e quando estiver no Brasil, aqui se for fazer alguma aventura, chama a gente, quiser vir para o Paraná aqui, vamos subir uma montanha também.
Joao (31:55)
E se você ficou até o final, eu imagino que você tenha gostado desse episódio, se você quiser apoiar o podcast, a melhor forma é deixar o seu comentário, deixar sua avaliação, se inscrever, seguir e compartilhar com quem você gosta. Mas se você quiser ir além e fazer uma contribuição financeira impactando diretamente o nosso trabalho, eu vou deixar link aqui na descrição. é isso. Muito obrigado e até a próxima.